Saneamento básico: resíduos sólidos

No ano de 2023 foi observada uma redução do índice de desemprego no Brasil, sugerindo um aumento do poder de compra da população. Com base na variação desse índice, esti­ma-se que a geração média de resíduos sólidos urbanos (RSU, inclui os resíduos domiciliares e de limpeza urbana) per capita no Brasil foi de 1,047 kg de RSU por dia em 2023. Ao multiplicar esse valor pela população estimada para o Brasil em 2023 (já aplicadas as correções feitas pelo IBGE em 2024), obtém-se uma geração anual estimada de aproximadamente 81 milhões de toneladas de RSU, o que equivale a mais de 221 mil toneladas de resíduos geradas todos os dias, ou cerca de 382 kg de RSU por habitante durante o ano.

 

Regionalmente, o Sudeste continua sendo o maior gerador de RSU do Brasil, tanto em valores per capita quanto em valores totais, com cerca de 452 kg de RSU gerados por habitante em 2023, ou 1,237 kg por habitante por dia (kg/hab./dia). Dessa forma, uma geração de mais de 39,9 milhões de toneladas de RSU em 2023, ou 109 mil toneladas diárias, o que representa aproximadamente 50% da geração nacional. A região com menor geração de RSU per capita é a região Sul, com uma geração anual de 284 kg de RSU por habitante, ou 0,779 kg/hab./dia.

 

No Brasil, 93,4% dos RSU gerados em 2023 foram coletados. Essa quantidade equivale a 75,6 milhões de toneladas coletadas em 2023, ou a uma média de aproximadamente 207 mil toneladas de resíduos coletadas diariamente no país. Cerca de 6,7 milhões de toneladas de material seco foram enviadas para a reciclagem no Brasil em 2023, o que corresponde a 8,3% dos RSU gerados no mesmo ano.

 

A compostagem é uma das possíveis formas de tratamento da fração orgânica dos RSU. Em 2023, cerca de 300 mil toneladas de material foram recebidas em pátios ou usinas de compostagem no Brasil, o que equivale a aproximadamente 0,4% dos RSU gerados no país. Ainda, estima-se que, em 2023, 144,2 mil toneladas de RSU tenham sido encaminhadas a unidades de preparo de combustível derivado de resíduos urbanos (CDRU) (produção de energia térmica e uso como matéria-prima, via coprocessamento em fornos da indústria cimenteira), o que representa menos de 0,2% do total de RSU gerados no país.

 

No Brasil, estima-se que cerca de 69,3 milhões de toneladas de RSU tenham sido encami­nhadas para disposição final em 2023, o que corresponde a 85,6% dos RSU gerados no ano. Sendo que 58,5% dessa quantidade foi disposta em aterros sanitários (disposição final ambientalmente adequada). No entanto, no mesmo ano, mais de 28,7 milhões de toneladas de resíduos, cerca de 41,5% do total encaminhado para áreas de disposição final inadequadas. Desse total, aproximadamente 161 mil toneladas de RSU foram enterradas na propriedade do gerador.

 

Ainda, estima-se que cerca de 5,7% dos RSU gerados no Brasil em 2023, ou aproximadamente 4,6 milhões de toneladas, tenham sido queimados a céu aberto na mesma propriedade de sua geração. A prática de queimar ou enterrar resíduos na propriedade é observada com mais frequência em domicílios de áreas rurais ou afastados de grandes centros urbanos, que não são contemplados por serviços de coleta. No entanto, a queima não autorizada ou disposição inadequada de RSU no solo, mesmo em pequenas quantidades, é ilegal e pode impactar negativamente o meio ambiente e a saúde da população local. Além disso, em algumas regiões do Brasil, a queima não controlada de resíduos é uma das principais causas de incêndios florestais, que têm se tornado cada vez mais frequentes no país e agravam as mudanças climáticas, impactam gravemente a qualidade do ar e a saúde humana, e causam perdas econômicas e prejuízos irreparáveis para os ecossistemas e a biodiversidade.